Homosapiêncial

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2009/01/29

Quando a crise ganha rosto

Quando a crise ganha rosto e se torna presente em pessoas que conhecemos, acabamos por ganhar consciência de que a crise é real, está mesmo aí, não mata mas já vai moendo.

Pelo menos falo por mim, para quem até agora e graças a Deus, a crise não passava de um tema na berra no mundo das noticias. Acho que ainda não tinha percebido como as coisas estão e mais ainda, o que para aí vem...

Ontem falava com uma vizinha minha sobre assuntos do condomínio, e a conversa acabou por ser levada por ela, para outro tema bem mais preocupante.

Foi com os olhos a começar a humedecer, que me segredou que a empresa dela estava a despedir pessoal e que, devido a já ter alguma idade, provavelmente ela seria das próximas a "ir para a rua".

Uma pessoa fica sem saber o que dizer, quando leva com uma coisa daquelas em cima...

Vai-se dizer o quê?

Que melhores dias virão?

Mas virão quando?

Isto está mesmo difícil...

Como se não bastasse este meu primeiro embate com a crise real, hoje chega-me aos ouvidos uma história ainda mais chocante.

A mãe de uma aluna da minha senhora, foi falar com ela e desabafou que foi despedida, que até ao final do mês tinha 10(!!!!!!) euros e pediu-lhe 5 euros emprestados.

Nem sei que dizer...

Sinceramente, dá-me um aperto na garganta quando penso no desespero que essa senhora deve estar a sentir.

Tenho lidado de perto com alguma pobreza, tentando combatê-la na medida do meu possível, mas este foi o primeiro caso de pobreza resultante da malfadada crise, com que me deparei.

É triste puder fazer tão pouco por quem tanto precisa...

Para além destes casos, viu-se ontem nas noticias serem anunciados números negros do desemprego, para os próximos tempos. Grandes empresas a despedir pessoal aos milhares...

Só espero que isto dê uma volta o mais rápido possível, mas não vejo jeito.

Espero também que enquanto isso não acontece, o Estado faça o seu papel e defenda quem realmente precisa de ajuda.

Por norma sou contra o Estado "maezinha" que a esquerda ortodoxa defende. Mas sempre com as devidas excepções. E quando se está desempregado, não por se ser malandro e querer viver do rendimento mínimo, mas porque se foi despedido, acho que o Estado tem mesmo de actuar e garantir o mínimo de condições humanas a quem mais precisa.

Aberrante é ver o nosso (des)Governo, na pessoa do nosso Primeiro-Ministro a defender com unhas e dentes o TGV e o novo aeroporto.

Mais que aberrante, mete-me nojo assistir a este triste espectáculo e saber que há tantas e tantas pessoas a precisar de dinheiro para comer.

Por mim, O Sr. Sócrates pode enfiar TGV's e aeroportos num sitio que eu cá sei... e que ele também deve conhecer.

17 Comentários:

Blogger José Carlos Gomes disse...

Pois eu acho que é mais bem gasto o dinheiro no TGV do que para salvar o couro aos accionistas do BPN e do BPP. A conversa da direita é sempre a mesma: em tempos de crescimento, o Estado que se afaste da economia, que deixe funcionar o mercado, ou seja, que deixe os capitalistas encherem a mula. Quando as trafulhices e os investimentos ruinosos dos capitalistas dão para o torto, provocando crises e desemprego, o Estado que ajude os coitadinhos.

É evidente que o Estado tem o dever de ajudar quem mais precisa. Mas não pode é continuar a ser o bombeiro que apaga os fogos lançados pela voragem do lucro fácil. Cabe ao Estado - a nível da União Europeia, porque um país sozinho nada pode - arrepiar caminho e mudar o sistema. O capitalismo está visto que não serve, porque as suas crises sucessivas não são azares, são a sua natureza.

30/1/09 14:44  
Blogger O Mago disse...

"Tenho lidado de perto com alguma pobreza, tentando combatê-la na medida do meu possível, mas este foi o primeiro caso de pobreza resultante da malfadada crise, com que me deparei.

É triste puder fazer tão pouco por quem tanto precisa..."


Quando terminei de ler esta parte, veio-me à mente um flashback da reunião de ontem. Percebo agora, ao que te referes quando falavas em possíveis novos projectos.

Com toda a amizade, eu digo:
Bóta pa frente!!

30/1/09 15:25  
Blogger O Mago disse...

Em relação ao TGV e OTA, concordo com o Senhor Gomes escreveu ali em cima... De facto, parece errado desviar fundos do estado para Obras Públicas que de verdade não nos fazem falta. No entanto, creio que tem a sua vantagem, porque de facto empreedimentos desta envergadura vão necessitar de muita mão-de-obra. E se estamos a ver o desemprego a aumentar, então e sobretudo em tempo de crise, mais vale gastar dinheiro a criar empregos em vez de andar por aí (apenas) a distribuir "esmolas".

Não sei se tem factor de comparação, mas na tão badalada crise dos anos 20 (nos EUA), foi exactamente com gastos enormes em investimento público que se gerou emprego e por conseguinte se "ressuscitou" o mercado. Mas deixo a conversa séria para quem perceba mais de economia do que eu. :)

30/1/09 15:31  
Blogger Nuno Sal disse...

Sr. Gomes:

Pois no meu caso, acho que seja em TGV, seja em ajudas à Banca, o dinheiro é mal gasto.

E quanto a isso não consigo sequer ver a mínima dúvida, quando está em causa ajudar familias de desempregados, a conseguir algo para comer.

Nunca me viste a defender a Banca, por isso não me devo enquadrar no esteriótipo de direita de que falas...

Defendo uma sociedade onde todos, inclusivé os capitalistas, contribuem para a solidariedade social.

Eu faço muito pouco, mas vou contribuindo como posso. E tu?

Finalmente a conversa de que o capitalismo não serve, já é mais antiga que tu...

E sabendo que nenhum sistema é perfeito, pergunto-te que sistema conheces que tenha provado ser melhor?

P.S. O gráfico que te colocou à esquerda, deu-te a volta à cabeça porque estás a ter uns flashbacks comunas muito estranhos... :)

Sr. Motta:

Em relação ao caminho das obras públicas como solução para o desemprego, não esquecer que esse tipo de trabalho é temporário.

E quando as obras acabarem?

Volta-se ao desemprego?

Penso que os fundos devem ser investidos para criar empregos com futuro, porque senão em vez de resolver, estamos a adiar um problema.

Para além disso, o TGV e o aeroporto para mim, nao passam de tiques de país pobre que se quer armar em país rico.

Num país com a nossa dimensão, para que serve um TGV que ganha cerca de meia hora ao Alfa, numa viagem Porto-Lisboa????

Para quê investir num novo aeroporto quando se andam a gastar milhões no velhinho da Portela?

Quando o trafego internacional tem vindo a subir muito abaixo das previsões que sustentaram a decisão de construir o novo aeroporto?

Isto tudo, para mim, não faz qualquer sentido...

Quanto ao novo projecto, acertaste na mosca. ;)

30/1/09 16:32  
Blogger O Mago disse...

É discutível...

Os empregos não são temporários, como estás a dizer... Para além dos milhares de trabalhadores necessários para a construção;

Um Aeroporto e estações de comboios não se gerem sozinhos, são precisas centenas (milhares?) de pessoas directa ou indirectamente a trabalharem para o seu funcionamento.

E o investimento gasto, penso eu, transforma-se lentamente em retorno, porque quanto mais gente estiver empregada, mais dinheiro há para gastar certo? E é disso que o Mercado gosta... Que o dinheiro haja em abundância e não pare muito tempo no mesmo sítio...

Mas, saliento o que disse... Economia é assunto complexo e aqui o menino é pouco entendido.

Quanto aos projectos, vou querer saber coisas... Mas amanhã 'hablamos' :P

30/1/09 20:14  
Blogger O Mago disse...

Ah e se voltas a chamar "Sr Motta" vamos ter uma espécie de problema!

"P

30/1/09 20:16  
Blogger Nuno Sal disse...

Como inicialmente falaste em "mão-de-obra", penso que estavas a falar dos empregos gerados com a construção das obras públicas.

Ora se um trolha é contratado para fazer uma ponte, quando esta é terminada, o trabalho acaba também.

Por isso disse que esse tipo de trabalho é temporário.

Agora é certo que um aeroporto cria empregos.

Já as estações, não sei se irão utilizar as actuais...

31/1/09 02:50  
Blogger José Carlos Gomes disse...

O senhor Gomes orgulha-se de sempre ter votado nos partidos que defendem e praticam políticas que combatem a pobreza.

Há aqueles que votam nos partidos que combatem a pobreza. Depois há aqueles que votam nos partidos que provocam pobreza, mas que, para benefício da sua consciência, podem orgulhar-se de ajudar os pobrezinhos. Eu prefiro que não haja pobres do que orgulhar-me de ajudar os pobrezinhos. Mas cada um responde pelas suas opções.

31/1/09 14:49  
Blogger O Mago disse...

Senhor Gomes (creio que não nos conhecemos) se me permite uma pergunta, cá vai:

"Eu prefiro que não haja pobres do que orgulhar-me de ajudar os pobrezinhos."

O primeiro cenário não existe, porque os ditos "pobrezinhos" existem. E penso eu que aqueles que ajudam os ditos "probrezinhos" também gostariam que não houvesse "pobrezinhos"... portanto não acha que dissertou sobre a questão fugindo à pergunta ali do Nuno Sal ("E tu?") ?

Cumprimentos :)

2/2/09 00:35  
Blogger Nuno Sal disse...

Sr. Motta, :p

Dissertar para fugir, é práctica antiquíssima de muito boa gente que conheço... E mais não digo.

Quanto a dizeres que o cenário de inexistência de pobreza, não existe, revela desconhecimento de tua parte sobre a vida abundante de todos os cidadãos que vivem sob o jugo (perdão) o sol do maravilhoso mundo comunista.

Revelas depois desconhecimento sobre o quanto são beneficiados os "pobrezinhos" do nosso país com o voto em partidos ortodoxos que cheiram a mofo vermelho ou em outros partidos que vivem para fracturar a nossa sociedade e fazer a tão esperada "revolução".

Portanto por aqui verás o quanto estás enganado Motta.

Mas descansa que errar é humano e há muitos que também erram e acabam por seguir outros rumos.

Vê lá tu que até há quem já tenha votado em alguns partidos, com a certeza firme e absoluta de que combatiam a pobreza e as injustiças deste mundo e depois acaba por chegar à conclusão que não é esse o caminho.

É como digo, errar é humano...

Mas sabes pá, eu também já cheguei há muito à conclusão que (pasma-te) há pobreza e sempre existirão injustiças. E não há nenhum partido que um dia consiga acabar com isso.

Nessa altura, tinha duas hipoteses:

Ou enfiava a cabeça na areia como muitos que conheço, ou "metia pés a caminho".

Se bem que admito ser bem mais fácil fechar os olhos e dormir descansado por ter votado num partido que "combate" a pobreza.

Sr. Gomes,

O teu comentário está tão repleto de "parvoices" que nem merece comentário...

2/2/09 02:00  
Blogger O Mago disse...

Menino Salvado! xD

Parece-me que avaliaste mal o meu comentário.

Eu não misturei Política na questão, nem muito menos sobre em quem se deva votar ou não... Até porque se me perguntares qual é esse grande Partido que combate a Pobreza, eu te diria com muita sinceridade: "Não sei." Embora desconfie que na verdade seja practicamente nenhum...

Mas e mais uma vez, volto aquilo que escrevi...e parto daquela tua pergunta: "E tu?"

Era disso que estava a falar...
O que é que eu (neste caso na pessoa do Sr. Gomes) pessoa faço para lutar contra a pobreza.

E isto nada a ver tem com voto neste ou naquele, porque votar em alguém há espera que esse alguém resolva um problema que abrange todos é delegar a responsabilidade apenas nessa pessoa e alienarmo-nos de tudo o resto.

(Penso eu :D)

Cump.

2/2/09 13:44  
Blogger José Carlos Gomes disse...

Eu sempre votei em partidos que combatem efectivamente a pobreza. Mesmo que sigam modelos de sociedade nos quais não me revejo. E mais não digo.

2/2/09 22:51  
Blogger João Pedro disse...

Isto é unicamente uma questão política. Há movimentos que são contra a caridade pois acham que só vai resolver uma situação pontual, fomentando até a pobreza ou nada fazendo para cortar o mal pela raiz. A Igreja sem a pobreza não tinha continuidade e por isso não opta por ir contra a pobreza mas sim em ajudar os pobrezinhos. Assim como os ricalhaços despedem pessoal, criam diferenças sócio-económicas e depois fazem caridade. Há outros que tentam cortar o mal procurando dar poder a quem o possa fazer e não fomentam a caridade. Há outros que fazem as duas coisas. Porque enquanto houver Clérigo e Nobreza... que se vai fodendo é o mexilhas...

3/2/09 12:17  
Blogger Nuno Sal disse...

Brilhante!!!

Acho que vocês os dois se podiam juntar e escrever um livro com as maiores "parvoices" de sempre, sobre a Igreja e a pobreza.

E certamente que teriam muitas vendas!!!

João, nem digo mais nada...

P.S. Parabéns, estás a manter uma média de asneiras por comentário, ao nível de uma peixeira do Bolhão.

4/2/09 02:39  
Blogger João Pedro disse...

Quem não tem mais argumentos... não diz mais nada... :p

4/2/09 10:54  
Blogger Nuno Sal disse...

Quem não tem argumentos, diz coisas sem sentido ou limita-se a "vomitar" algo que ouviu dizer num comício qualquer. :p

4/2/09 13:00  
Blogger João Pedro disse...

Como aqui devo ser o único que não vai a comícios... :)

6/2/09 17:30  

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