A anémona

São Berardo

Fiquei ontem a saber que Portugal tem um novo Santo Popular.

Trata-se de um homem que se tornou Santo Padroeiro dos desafortunados que perderam dinheiro com as acções do benfica e ao mesmo tempo, de todos os portugueses ao ajudar ao milagre da não construção do aeroporto da Ota.

Joe Berardo, o “santo” de quem falo é um empresário de sucesso que tem revelado nos últimos tempos uma desfaçatez de todo o tamanho.

Só ontem, apareceu primeiro na televisão por causa da OPA ao benfica e as motivações que apresentou para ter tomado tal decisão são no mínimo para rir.

Disse o nosso novo “santo” que apresentou a OPA sobre o benfica por ter pena daquelas pessoas que adquiriram acções dessa colectividade a 5 Euros cada, e estavam actualmente a perder mais de metade do dinheiro investido. (gargalhada geral)

Esperam agora todos os subscritores de acções cotadas em bolsa que “São” Berardo tome tal atitude em relação a todos os que perdem dinheiro no mercado accionista. Se “São” Berardo assim quiser, a Bolsa de Lisboa deixará de ser um mercado incerto e passará a ser um investimento dos mais seguros que existe.

Quem estiver a perder dinheiro, basta rezar a “São” Berardo que imediatamente ele realizará o milagre da OPA sobre a empresa cujas acções estejam a perder dinheiro.

Mas será que este “senhor” acha que está a falar para pacóvios?

Será que alguém se acredita nesta benevolente decisão de um dos maiores “tubarões” do mercado accionista?

A OPA sobre o benfica é aquilo a que geralmente se pode chamar de… piada. À partida já está condenada porque não acredito que o benfica aceite vender a parte das acções em transacção que possui e assim perder o controlo do clube. O certo é que só ontem as acções do benfica subiram mais de metade, em relação ao inicio da sessão.

A isto chama-se especulação bolsista e pelo menos da última vez que fui verificar, esse comportamento era crime.

Já a quando da reunião de accionistas do BCP, “São” Berardo fez uma graçola do género. À saída da reunião afirmou que no dia seguinte estava comprador de acções do BCP. Resultado… no dia seguinte as acções desse banco dispararam e o nosso “santo” realizou outro “milagre”. Ganhou cerca de 10 Milhões de Euros!!!!

Como se não bastasse isto tudo, fiquei ontem a saber que a benevolência deste “senhor” é muito maior do que eu pensava, é até algo sem precedentes. O nosso querido “santo”, foi um dos empresários que pagou um estudo sobre a possibilidade de construir o novo aeroporto em Alcochete.

Escusado será dizer que o nosso “santo” afirmou não ter qualquer interesse na localização do novo aeroporto. Certamente que decidiu gastar algum do pouco dinheiro que tem, apenas e só por ser boa pessoa e estar preocupado com o futuro do dinheiro de todos os portugueses.

Mas é claro que sim!!! De certeza que não tem nenhum interesse em relação à definição da localização do aeroporto!!! Não!!!! Claro que não!!!!

Este homem é um santo!!!!

O "referendeiro"

Há uns dias atrás li umas afirmações do nosso Primeiro-Jogger, perdão... Primeiro-Ministro relativas ao timming correcto para se realizar em Portugal um novo referendo sobre a regionalização.

Transcrevo de seguida essas afirmações.

"Talvez na próxima (legislatura), se todos chegarmos à conclusão de que esse é o momento e se houver uma proposta que reúna um nível de consenso e que permita ter uma expectativa de vitória..."

E eu a pensar que o referendo servia para ouvir a voz do povo, em relação a assuntos importantes.

Mas pelos vistos a voz do povo só pode ser auscultada, se estiver em sintonia com aquilo que o governo pretende fazer. Se assim não for, então torna-se até um pouco incomodativo ouvir o tal povo a falar.

Relembrando a rábula do Gato Fedorento sobre o Rebelo de Sousa e o referendo ao aborto, imagino agora uma entrevista a José Sócrates:

Entrevistador: Então o referendo serve para auscultar a voz do povo?

José Sócrates: Sim.

E.: Mas convém que o povo concorde consigo?

J.S.: Sim.

E.: E se não concordar, é mau?

J.S.: É.

E.: Portanto referendo, só se lhe der uma vitória?

J.S.: Sim.

E.: E se achar que vai perder, não há referendo?

J.S.: Não.

Ahhhhh!!!! Que bela democracia a nossa...

Cabelos ao vento...