Fico pasmado com a discussão gerada pela entrada em vigor da lei do tabaco. A quantidade de parvoíces tem sido tal, que dou por mim a perguntar se estes indivíduos não andam a juntar "ervinhas aromáticas" aos seus adorados cigarros.
A parvoíce mais comum prende-se com o facto de se sentirem discriminados ou perseguidos até, colocando-se em alguns casos no lugar de inocentes perseguidos, como se de perigosos criminosos se tratassem.
No fundo e para um grande número de fumadores, esta nova lei é nada mais, nada menos que um atentado à sua liberdade.
Esquecem pelos vistos de abrir os olhos para o que se passou durante todos estes anos, mas provavelmente não os abrem por causa do fumo de mais um prego para o caixão.
Como podem estas pessoas falar em atentados à liberdade, quando não conseguem ver que a liberdade daqueles que não fumam e que não querem fumar por simpatia, também merece ser respeitada.
Penso ser ponto assente que não pudemos usar o argumento da liberdade nesta discussão. Ambas as liberdades têm igual peso para serem tidas em conta e respeitadas.
Alguns fumadores queixam-se agora de não ver a sua liberdade respeitada. Mas o caricato é que quem diz isto são aqueles que durante anos e anos não respeitaram a liberdade daqueles que não fumam. É no mínimo uma falta de moral usar este argumento.
Esta questão deve ser vista como sendo de saúde pública e não de liberdades. Nesse contexto a nova lei é um grande contributo para a melhoria da saúde publica dos portugueses e penso que isso é inquestionável.
Alguém é capaz de afirmar que o tabaco não faz mal?
Alguém é capaz de afirmar que aqueles que não fumam são prejudicados e bem pelo fumo dos fumadores?
Existem até casos de não fumadores que trabalham em locais onde o fumo reina, que quando fazem exames são confundidos com fumadores, por apresentarem pulmões prejudicados pelo tabaco.
É ridículo no mínimo, o alarido que se tem gerado. Todos os argumentos que os fumadores usam, podem ser usados pelos não-fumadores.
Também eu poderia dizer que fui perseguido durante anos pelo fumo dos outros.
Também eu poderia dizer que a sociedade me discriminava e não respeitava o meu direito a não fumar o fumo dos outros.
Também eu poderia dizer que a minha liberdade não estava a ser respeitada e que eu era um cidadão de segunda.
No entanto existem duas diferenças substanciais entre estas duas realidades, entre o antes e o após lei.
Em primeiro lugar com a nova lei ninguém fica proibido de fumar. Quem quiser pode continuar a matar-se, alimentando o seu vicio durante o tempo que quiser. Apenas não o pode fazer em locais onde estejam outras pessoas que não partilhem do mesmo vicio.
Antes desta lei, quem fumava podia fazê-lo mas quem não fumava tinha de fumar na mesma. Isto se não quisesse estar sempre enfiado em casa.
Mas pelos vistos para alguns, assim é que a liberdade era respeitada. A liberdade deles por sinal, porque a liberdade dos outros não interessa para nada.
A outra diferença prende-se com o respeito pela saúde pública. Antes não havia nenhum neste capitulo e hoje em dia com a nova lei passa a haver.
A partir do passado dia 1 de Janeiro, quem quer fumar pode continuar a fazê-lo. Mas a saúde daqueles que felizmente não têm esse vício ficou muito mais protegida.
Por tudo isto, seja muito bem-vinda esta lei. Para mim, só peca por tardia.